Guia para a educação financeira na infância

Você sabia que podemos iniciar a educação financeira na infância a partir dos 3 anos de idade? Com o aprendizado de noções básicas sobre a funcionalidade do dinheiro, como ganhá-lo e utilizá-lo de maneira saudável, é possível criar uma base forte para o ensino financeiro das crianças. Inclusive, pessoas educadas financeiramente desde a infância tendem a ser mais responsáveis em suas decisões de compra e têm menos problemas com dívidas na fase adulta.

Como iniciar a educação financeira na infância
Fonte: Karolina Garabowska/Pexels

Quando pensamos em saúde financeira, tendemos a acreditar que ela é alcançada apenas com a conquista de grandes quantias de dinheiro, porém, na realidade, ela consiste na manutenção de hábitos e costumes saudáveis em relação a ele – independente do valor em questão. Mesmo sendo tão necessária quanto o incentivo aos estudos ou à boa alimentação, tendemos a negligenciar a educação financeira na infância, acreditando se tratar de um assunto complexo para o entendimento das crianças. Mas, mostraremos neste guia que este pode ser um tema acessível aos pequenos e como abordá-lo de acordo com cada faixa etária.

3 a 4 anos

A melhor maneira para iniciar a educação financeira na infância, partindo dos 3 anos de idade, é através da exposição e da brincadeira. Isso quer dizer que você terá mais chances de sucesso se escolher atividades práticas e divertidas para ensinar sobre o dinheiro. Lembrando que este é o primeiro contato deles com o assunto, por isso é importante tratá-lo de maneira positiva, evitando tópicos mais densos como a falta de dinheiro ou dívidas.

  • Apresente para a criança todas as moedas e cédulas locais.
  • Ensine a diferença de valor de cada uma com conceitos básicos de matemática, como por exemplo: uma moeda de 50 centavos equivale a 2 moedas de 25 centavos ou 5 moedas de 10 centavos.
  • Explique que o dinheiro é a recompensa que ganhamos quando trabalhamos e que o utilizamos para comprar coisas.
  • Sempre que possível, deixe que a criança participe de processos de compra, mesmo que seja apenas entregando o dinheiro e/ou recebendo o troco.

5 a 7 anos

Partindo desta idade, crianças já possuem entendimento de que compramos coisas com o dinheiro que recebemos, mas outros aspectos sobre como ganhar dinheiro ou quando gastar e quando poupar são ainda incompreensíveis. Nesta fase da educação financeira na infância, é interessante fazer a criança entender estes conceitos básicos na prática.

  • Introduza o recebimento de uma mesada. Você pode atribuir tarefas leves em troca do montante recebido, como forma de reforçar a ideia de que ganha-se o dinheiro quando se trabalha por ele.
  • Procure comprar com dinheiro sempre que estiver na presença da criança, desta forma, ela consegue identificar facilmente em quais tarefas diárias investimos dinheiro, como por exemplo ao abastecer o carro, ao comprar pão ou ao pagar o estacionamento.
  • Em casa, brinque com ela de atividades que envolvam transações financeiras. Ensine noções básicas sobre precificação, troca de dinheiro, devolução de troco, etc.
  • Partindo desta idade, você pode também introduzir aplicativos ou jogos que ensinem e reforcem conceitos matemáticos.

8 a 10 anos

A partir dos 8 anos de idade já é possível ensinar à criança o fundamental sobre gestão pessoal do dinheiro. Uma vez que ela já aprendeu o conceito, para o que serve e como ganhá-lo, é hora então de aprender noções básicas sobre como conquistar mais, guardar e se responsabilizar pelo dinheiro ganho.

  • Além da mesada, que já pode vir atrelada à realização de uma lista de tarefas simples, nesta idade é interessante incentivar a criança a fazer outras pequenas tarefas para conquistar dinheiro. Ela pode se responsabilizar pelos cuidados do bicho de estimação da família, tarefas domésticas ou auxiliar algum familiar ou vizinho em situações específicas, em troca de um valor acordado previamente.
  • A incentive a guardar dinheiro para objetivos a longo prazo, como por exemplo uma viagem, videogame ou brinquedo dos sonhos.
  • Se possível, vá aumentando o valor da mesada, mas o faça acordando com a criança uma porcentagem a ser guardada para uso futuro.
  • Dê maior liberdade para que ela faça escolhas relacionadas a compras de interesse pessoal, mas sempre aconselhando sobre planejar a compra com antecedência e saber lidar com as consequências da compra, como por exemplo não gostar do produto/serviço e/ou não ter dinheiro para adquirir outras coisas por um período de tempo.

11 a 13 anos

Entre os 11 e 13 anos de idade, já adentrando a adolescência, é normal que os mais jovens queiram ser vistos como adultos, tendendo a buscar maior independência dos pais e responsáveis em suas decisões diárias. É interessante que nessa idade sejam reforçadas atitudes mais maduras com relação ao dinheiro, permitindo, porém, maior liberdade financeira com relação ao valor que os mais jovens administram.

  • Nessa idade já é possível abrir uma conta para que o adolescente aprenda a gestão do dinheiro pelos meios digitais.
  • Mudar a frequência de pagamento da mesada e tornar os depósitos mais espaçados pode ajudar a desenvolver a organização financeira e o planejamento de gastos.
  • Ensine a importância de utilizar parte do dinheiro recebido para ajudar outras pessoas e instituições.
  • Introduza os conceitos de dívida e empréstimo.
  • Na adolescência, é comum deixar-se levar por influência de colegas. É importante dialogar sobre este tipo de influência e a responsabilidade financeira que o jovem deve ter para não se encontrar em situações desconfortáveis.

14 a 16 anos

Esta idade marca o início do ensino médio e também a idade mínima para trabalhar legalmente. Por ser um momento de inúmeras descobertas e busca por independência, essa é uma fase que requer bastante diálogo entre jovens e pais ou responsáveis. Os conceitos básicos e mais necessários já foram ensinados, mas é hora de conversar sobre algumas outras questões.

  • É momento de reforçar o conceito de planejamento financeiro, visando decisões importantes pós-formatura no ensino médio, como vestibular, faculdade ou intercâmbio, por exemplo.
  • Incentive o adolescente a conseguir um trabalho de meio período ou aos finais de semana. Se ele precisar de flexibilidade, pode dar aulas particulares de reforço escolar ou ensinar algum instrumento ou esporte que domine, o que colabora igualmente com a construção da maturidade e da responsabilidade.
  • Converse e instrua sobre a diferença entre vontade e necessidade. Nesta idade, as comparações são inevitáveis e o desejo de se encaixar pode fazer com que gastos desnecessários sejam feitos.
  • Reforce valores que você acredita serem importantes na tomada de decisões financeiras.

17 a 18 anos

Seguindo este guia, ao chegar nesta idade, o jovem já terá praticamente todas as informações e conhecimento fundamental para ser um adulto bem educado financeiramente! Mas ainda existem coisas que podem ser aprendidas para tornar a experiência completa.

  • Este é o momento de dividir algum gasto da casa com o jovem (conta de internet, luz ou água), além de transferir a responsabilidade de alguns gastos pessoais dele, como por exemplo a compra de um novo celular.
  • Contando com a possibilidade de um emprego melhor, é este o momento de diminuir o valor de mesada estabelecido anteriormente.
  • Auxilie o jovem a manter expectativas realistas, pois nem toda família consegue oferecer, por exemplo, habilitação, carro e faculdade pagos. Muitas das conquistas posteriores ao final do ensino médio devem partir dos ganhos do próprio jovem.
  • Relembre, você continua sendo o melhor exemplo! Converse sobre situações vividas e experiências que você tenha passado que podem ajudar em tomadas de decisão importantes.

Temos também uma sugestão de leitura para você que deseja inserir a educação financeira na infância, de maneira sutil, para crianças de 9 a 10 anos de idade:

Tibúrcio
Rimas e ilustrações inspiradas na arte do cordel brasileiro contam a história da amizade do burro Tibúrcio e seu dono. Baseada em relatos reais e ambiente rural, ela mostra que o dinheiro é bom, mas não compra tudo, não. Chuteira e boneca? Compra sim! Amigos pra brincar? Compra não! Brinquedo tem dentro da loja, amigos, dentro do coração. Uma leitura sensível que aborda a educação financeira e as competências socioemocionais.

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Fonte
https://www.kidsfinancialeducation.com/

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