Primeiro contato com a língua: como surgem as palavras?

O primeiro contato com a língua escrita vem desde a educação infantil, que é obrigatória para crianças a partir dos 4 anos. A aprendizagem se inicia no processo de alfabetização com a escrita, leitura e no desenvolvimento da autonomia com a conectividade entre elementos fundamentais para o entendimento da criança.

Primeiro contato com a língua: como surgem as palavras?
Imagem: criado por Freepik

O idioma é fundamental para a comunicação e expressão dos povos. É considerado o meio mais simples para interpretar o que está à sua volta. A escrita da língua portuguesa passou por diversas transformações, a última sendo o Novo Acordo Ortográfico, em 2016.  Esse ajuste teve como proposta unificar a grafia de todos os países que utilizam o português como língua materna.

A apropriação do idioma começa com o entendimento sobre elementos apresentados ao estudante primário – conhecidos também como signos. O letramento e os gêneros textuais são amplos e organizados. Esse âmbito vem por meio da apropriação da língua. Nesse sentido, o educador é apresentado como um investigador, um eterno aprendiz. Ele precisa mediar o conhecimento e levar o melhor da didática aos seus alunos. É sua função, também, orientar os pais nesses primeiros momentos de aprendizagem.

A aquisição da linguagem

A aquisição de uma língua materna é o resultado direto do amadurecimento da criança, ou seja, uma consequência de sua capacidade de formular suposições, respostas às questões que lhe surgem e de procurar e encontrar algumas semelhanças presentes na língua a ser adquirida. Desta forma, quanto maior for a capacidade cognitiva da criança, maior será o número de suposições formuladas por ela e mais próxima da linguagem do adulto ela estará.

Segundo Noah Chomsky, linguista e filósofo norte-americano adepto do gerativismo, a criança possui um Dispositivo de Aquisição da Linguagem, que é acionado através de frases ou falas dos adultos, gerando assim a gramática a qual a criança está contextualizada. Mas neste sistema, somente algumas regras são ativadas, pois a criança escolhe quais serão usadas para uso da língua nativa, descartando as que não se adequarem.

Quando as palavras ganham sentido para as crianças

De acordo com a psicopedagoga Helena Vellinho Corso, que firmou seus estudos na pedagogia de Jean Piaget, a função simbólica é a função de representação, pois permite a evocação representativa de um objeto ou acontecimento ausente (significado) por meio de um significante diferenciado. É com a função simbólica que se dá essa diferenciação e coordenação simultânea entre significantes e significados.

Sendo assim, a partir dos dois anos de idade, diferentes comportamentos atestam a presença da capacidade de representar: a criança elabora imagens mentais, começa a fazer uso da linguagem oral, passa a desenhar atribuindo significado às suas pinturas, imita modelos ausentes, brinca de faz de conta, etc.

Do balbucio às primeiras palavras

Desde seu primeiro olhar até a primeira frase que a criança profere, a maneira como você interage com seu bebê é de vital importância para o desenvolvimento de suas faculdades da linguagem: você, como adulto, é a pessoa que dará sentido aos sons que ele produz e fará com que ele queira repetir esses sons apenas pelo prazer de ver você reagir e responder aos seus pedidos.

Por isso, é muito importante que você converse com o bebê o máximo possível desde o início: com o ambiente adequado ele terá tudo o que precisa para se desenvolver de maneira rápida e harmoniosa. Bebês aprendem a falar com idades diferentes. Alguns começam dizendo várias palavras após 12 meses, enquanto outros ainda balbuciam de forma incompreensível aos 2 anos de idade. E isso é normal.

Língua viva, viva a língua!

A linguagem começa com um sopro. O ar que vem dos pulmões é modelado por inúmeras possibilidades de abertura da boca e movimento dos lábios e da língua. Sobe, desce, entorta, recolhe. A cada mexida são formadas vogais, consoantes, sílabas, palavras.

Nossa língua é falada por mais de 250 milhões de pessoas ao redor do mundo e compreender as mudanças na fala e na escrita, ocorridas naturalmente ou por causa de leis, é sentir de perto o idioma em movimento.

Como a cultura é riquíssima, há inúmeras atividades a serem desenvolvidas. Como a linguagem está em todo lugar, separamos algumas sugestões para você trabalhar em casa, com seus filhos ou com seus alunos.

  1. Leitura de textos antigos, para que as crianças acompanhem e percebam a evolução da língua;
  2. Oficina de poemas metalinguísticos, uma função da linguagem que pode ser muito bem trabalhada;
  3. Criando neologismos, o fenômeno da criação de novas palavras, sendo utilizado para celebrar o caráter expressivo da nossa língua.

Por fim, a leitura é um instrumento de descoberta do mundo! Histórias, contos e poemas estimulam a empatia e a imaginação infantil, e quando lidas pelos pais ou na companhia deles, criam um laço familiar cujos efeitos positivos permanecem durante todas as fases da vida. Pensando nisso, elaboramos uma lista com livros para alfabetização, que vão contribuir para o processo de instigar em seu filho o interesse pela descoberta de novas palavras e sons:

Não temos outra coisa [que palavras]. Somos as palavras que usamos. A nossa vida é isso

José Saramago

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