Medos na infância: quais são e como lidar com eles?

O medo é um sentimento natural de todo ser humano. Você provavelmente convive até hoje com algum medo, grande ou pequeno, mas o que na vida adulta pode ser algo fácil de ser controlado, na infância se torna um grande desafio.

Medos na infância: quais são eles e como lidar?
Imagem: criado por Freepik

A realidade ainda é algo muito abstrato no olhar das crianças. O medo na infância é muito maior e a sensação é mais vívida, como se fosse pior do que realmente é.

Compreender essas emoções mais a fundo e trabalhar com os pequenos nos processos de adaptação, torna esse momento menos desafiador e mais fácil de superar. O ponto positivo é que o medo, assim como outros sentimentos, é fundamental para o desenvolvimento humano, mas precisa ser tratado de forma responsável e como algo natural.

De acordo com a psicóloga Solange Lompa Truda, em matéria para o jornal GZH, “[…] esse sentimento, que funciona como um alerta e uma proteção, é a primeira manifestação da criança de perceber-se diferenciada da mãe, de tomar consciência de si como um ser único. Mas deve haver uma medida certa”.

Cada idade carrega alguns medos mais comuns. Você vai conhecê-los em breve neste artigo, além de descobrir também quando o sentimento deixa de ser saudável e começa a ser algo que merece mais atenção.

Os medos mais comuns em cada fase da criança

Durante o desenvolvimento da criança, os medos surgem, se modificam, se fortalecem ou desaparecem. Na infância, esses medos são mais abstratos e, aos poucos, vão dando lugar a outros mais concretos. A seguir, listamos alguns dos mais comuns para cada faixa etária:

Até 1 ano: medo de barulhos altos, pessoas estranhas e desaparecimento ou sumiço por longos períodos de tempo dos pais.

2 anos: medo de seres imaginários, barulhos fortes (trovões, por exemplo) e o clássico medo de médicos.

3 a 4 anos: aumentam os medos de criaturas como monstros, palhaços, pessoas fantasiadas e surge mais forte o medo de que os pais desapareçam.

5 anos: com essa idade, os medos começam a sair do campo abstrato e dão lugar a medos mais realistas, como um cachorro ou se machucar.

7 anos: até esse período, o medo de trovões e tempestades se faz presente, além do surgimento de novos, como medo de fantasmas ou o medo clássico de dormir sozinho sem os pais.

8 a 9 anos: medo de experiências novas e guerras.

Até 12 anos: medo de ladrões, injeções e do escuro.

Afinal, como lidar com o medo na infância?

Você pode estar se perguntando: “como ajudar a criança a encarar e perder alguns medos?”. Nesse caso, o apoio é primordial para que os pequenos se sintam seguros, acolhidos e mais confiantes diante de seus “monstros”.

O processo de adaptação precisa acontecer aos poucos e com muita leveza. Se o medo for de trovão, explique como ele funciona e por quais razões não é preciso se assustar. Se o medo é do bicho-papão, ligue as luzes, olhe embaixo da cama, mostre que não tem nada ali e que a criança está em um ambiente seguro.

Seja paciente e, principalmente, não coloque a criança no centro de seus medos ou anule suas emoções; isso pode ser ainda mais traumatizante e dificultar a superação.

Converse e abra espaço para que as crianças contem sobre suas inseguranças e sentimentos. Uma sugestão é criar diálogos através de estímulos, como contar histórias, por exemplo. O livro “Para Ninar os Pequeninos” traz histórias do cotidiano que exploram sentimentos como o medo. Essa é uma maneira sútil de trabalhar as emoções que os pequenos ainda não sabem controlar.

Quando o medo se torna um problema?

O medo comum acontece em situações pontuais para a criança, mas se esse sentimento começa a acontecer com mais frequência, afetando a qualidade de vida dos pequenos. Sendo assim, nesses casos, é válido procurar a ajuda de um profissional.

Durante esse estágio, dizemos que o medo deixou apenas de ser uma emoção saudável, transformando-se em uma patologia.

Para saber quando é necessário procurar ajuda médica, existem alguns sinais. São eles:

  • Não conseguir dormir ou comer;
  • Sentir pânico diante de alguma situação;
  • Se irritar facilmente;
  • Ficar mais distante e introspectivo.

Lidar com inseguranças é natural

Os medos surgem como meios de proteção, nos alertando sobre aquilo que possa representar algum perigo. A criança que entende seus medos e lida com eles é mais feliz e confiante. Faça dessa experiência algo encorajador e dê a ela a oportunidade de sentir. O medo na infância não precisa ser necessariamente assustador.

Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não ausência do medo.

Mark Twain

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