Os impactos da pandemia em relacionamentos interpessoais na infância e adolescência

O ser humano precisa se relacionar desde o início de sua vida. E, aqui no Blog Girassol, nós já falamos sobre o quão importantes são as amizades na infância.

Para além das amizades, é preciso construir diversos tipos de relacionamentos interpessoais com outras pessoas, tanto na infância, quanto na adolescência. O contato, a conversa e as vivências são importantes para que possamos ver o mundo além do que vivemos no nosso dia a dia e nos adequar às diferentes situações sociais.

De acordo com Robin Dunbar, antropólogo e psicólogo evolucionista, pesquisador e professor da Universidade de Oxford, por conta da pandemia “algumas amizades individuais podem desaparecer e novas podem ser criadas, não tanto por causa das bolhas e distâncias sociais, mas por não podermos ver alguém com a frequência que costumávamos ver. As amizades permanecem estáveis enquanto vemos a pessoa com a frequência necessária”, diz ele para o jornal El País.

Os impactos da pandemia em relacionamentos interpessoais na infância e adolescência

Todos nós passamos pela experiência do isolamento na pandemia e, com isso, sentimos na pele o afastamento de contatos presenciais que eram rotineiros e faziam parte das nossas interações sociais.

Se para os adultos já é difícil, para crianças e adolescentes esse rompimento é ainda mais expressivo. Por isso, é preciso encontrar alternativas para manter relações com colegas, amigos e pessoas conhecidas.

Impactos do isolamento no desenvolvimento infantojuvenil

Por conta desse momento de pandemia, o isolamento social acabou deixando as pessoas muito mais tempo dentro de casa, o que contribuiu diretamente para a redução das interações sociais. Para os mais jovens, houve uma redução drástica dos relacionamentos interpessoais com outras crianças, adolescentes e até mesmo com adultos, como professores.

Com esse contato reduzido com o “mundo externo” e mais contato com quem está dentro de casa, pode surgir uma série de problemas no desenvolvimento infantojuvenil, como um aumento na dependência e apego emocional aos pais, mais timidez e introspecção na presença de outras pessoas, além da perda de aprendizados valiosos que são vivenciados no dia a dia presencialmente com outros jovens.

O convívio excessivo com as mesmas pessoas também gera conflitos dentro de casa, como situações de estresse e desentendimentos que seriam mais amenos fora do cenário atual.

A importância das relações interpessoais para jovens e crianças

Se relacionar é descobrir e se interessar mais pelo que outras pessoas têm a compartilhar, tornando a convivência mais agradável e enriquecedora. No caso das crianças, isso é ainda mais importante, porque grande parte de seus aprendizados sobre a vida e o mundo está relacionada ao contato com outros seres humanos.

Os adolescentes também precisam – e muito! – manter relacionamentos interpessoais. É na adolescência que surgem diversos questionamentos e acontecem descobertas importantes. Nesse momento, é necessário ouvir outras pessoas e dividir experiências.

É preciso estar próximo para que laços sejam construídos, porém a pandemia trouxe um empecilho na manutenção das amizades, já que o cancelamento de aulas e outras atividades presenciais colocou os jovens por mais tempo em casa e, em meio a tantos desafios impostos nesse período, é comum que fiquem menos motivados a se comunicar de forma online com amigos e colegas.

Como melhorar e restaurar as relações nesse período de pandemia?

É possível restaurar relacionamentos interpessoais que foram prejudicados pela pandemia, e a internet e o celular terão papéis fundamentais nisso – sempre com supervisão e moderação.

Chamadas de vídeo e ligações para colegas e familiares da criança ou jovem podem ser boas aliadas, sempre com um adulto acompanhando essas conversas para que o acesso ao telefone seja restrito, saudável e seguro.

Para que os pequenos se divirtam no processo, uma ideia é enviar e-mails para os amiguinhos e familiares, anexando fotos e desenhos, deixando que a criança participe do processo.

Com os avanços da vacinação e liberação de aulas, as relações voltaram a se estreitar, porém precisam acontecer com todos os cuidados e protocolos em relação ao coronavírus.

É possível fortalecer relações mesmo à distância

Apesar desse momento delicado que necessita da conscientização de todos, é possível continuar cultivando boas relações e até fortalecendo as já existentes. É possível também ler histórias emocionantes com essa temática, a fim de despertar também a sensibilidade dos pequenos e jovens leitores.

Tibúrcio conta a história de um burro e seu dono, a história de uma amizade que vale ouro. Sonha, Zé nos traz, de maneira poética, uma narrativa de solidariedade, diferenças e aceitação quando surge uma inusitada amizade entre Pedro, que estuda e trabalha como engraxate, e Zé Jornal, que não tem casa e, apesar de não saber ler nem escrever, coleciona jornais. E não poderíamos deixar de citar Melhores Amigas para Sempre, em que as queridas Mônica e Magali – personagens de Mauricio de Sousa – mostram como são inseparáveis e estão sempre juntas para o que der e vier. Mas, será que na hora em que uma está longe da outra há diferenças e a amizade se mantém? Uma leitura imperdível, em que a dupla mais famosa do bairro do Limoeiro mostra que uma verdadeira amizade supera qualquer obstáculo.

Lembre-se que momentos de troca e uma boa conversa são extremamente valiosas para que as crianças aprendam e descubram mais sobre valores, sentimentos e trabalhem questões importantes de autoconhecimento e autoestima. Alguns amigos da infância e da juventude serão amigos de toda uma vida. Então nada melhor do que compartilhar amizades, tristezas, conquistas e ensinamentos! Amigos fazem bem para a alma e para o coração.

A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois

seres igualmente ciosos da felicidade um do outro.

Platão

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